quarta-feira, 9 de maio de 2012

Polícia para quem precisa!

Desculpem-me o clichê. Existem poucas algumas coisas que odeio e clichês é uma delas! Quanto mais batido mais eu odeio! E eu sei que o verso que intitula essa postagem é um dos clichês de efeito mais usados da música brasileira. Nada contra banda da qual sou fã e muito menos contra a música que é ótima! Mas essa música é um daqueles clichês tããão batidos que me fazem desistir de ler o resto do texto.

Bem, voltando as poucas coisas que me irritam, não é só a falta de criatividade do título, ou da reclamação (até porque vamos combinar que, INFELIZMENTE, também não há nada de novo em reclamar da polícia...) que me irritam... Me irrita o simples fato das pessoas não pensarem sobre o que escrevem....
Manchete: Policiais batem em manifestantes.
Resposta no facebook: Uma foto com a legenda "Policia para quem precisa!"
 Ok, a polícia errou, vamos denunciar?! Mas é claro! Vamos reclamar?! Obviamente! É uma boa música?! Ótima! Qual o problema então?! (Permitam-me pular os discursos filosóficos) O problema é simplesmente que todos nós precisamos de polícia!!! Precisamos de uma OUTRA polícia é bem verdade (e precisamos também de uma outra mentalidade como bem escreveu Alexander anteriormente). Mas conhecem aquele outro clichê "Ruim com eles, pior sem eles"! Então...!

Então então, que não era aí que eu queria chegar!
Então que essa semana ouvi uma notícia que me fez pensar que essa música tinha sido escrita pra ela!

Um policial do Rio de Janeiro numa ação policial da Rocinha passou por uma cadela que esta INCRIVELMENTE LATINDO para ele! Para sua defesa ele jogou spray de pimenta na cadela para faze-la para de latir! Não sei se vocês já tiveram alguma experiência com spray de pimenta, mas eu já fiquei infinitos 1 ou 2 minutos achando que ia morrer por ter entrado em contato de muito longe com o gás!
O policial esta sendo investigado, Beltrame já declarou sua insatisfação com o uso inadequado do spray... e quando se recupera o assunto já se ouve "Tanta coisa errada na policia pra se preocupar e esse povo fica reclamando de cachorro! Tenha dó!" TENHA DÓ!

Sei que uns tempos atrás circulou a imagem de uma criança sendo alvo do mesmo spray, e não acho menos revoltante! Mas essa situação mostra além de todas aquelas reclamações de sempre, abuso, despreparo, ... mostra que a falta de respeito de um policial vai além da falta de respeito com o próximo, é a falta de respeito com a vida!
Considerar o cão parte da população pode soar exagero para alguns, mas o fato é que aquele profissional que deveria estar ali apenas para 'manter a ordem e instaurar a paz' pouco se incomoda com aquilo que o cerca, com o que acontece naquele lugar, com as pessoas que estão ali e as quais ele deveria estar servindo!
TENHA DÓ! Paixões, respeito ou desprezo por animais a parte...Para mim, o imbecil que fez aquilo só não usa o spray em uma criança que esteja gritando perto dele ou com uma pessoa qualquer pois sabe que seria escandalosamente punido! Tenha dó o policial que deve responder rigorosamente por sua atitude absurda, e tenha dó também quem não enxerga o que um ato desses representa!

Ironicamente, são cães que auxiliam os policiais em muitas ações...

Se a polícia é para quem precisa, eu tenho certeza que de todos que estavam naquela cena a pobre cadela era a única que não precisava!


Para não ser clichê com a foto da atrocidade do policial, uma foto da muito simpática cadelinha.


E o pobre do dono que além de tudo ainda é Botafogo!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Polícia apresenta suas armas, nós as carteiras e assim se forma uma dupla dinâmica.


Há umas semanas passei por uma situação que até então só tinha ouvido falar. Sou professor, aliás estou professor e não tenho carro, por isso costumo voltar para casa de carona com outros professores. Nesse dia, a alma que me ajudou a economizar a passagem foi o professor de Matemática. Saímos da escola às 21: 30 depois de mais um dia normal e eis que escutamos aquele famoso som da sirene que grita em alto e bom som: Vai dá merda! 
   Para começar bem a abordagem policial, nosso cinto de segurança travou e não conseguíamos sair do carro, deixando o clima aquém da devida tranqüilidade. Depois de uns segundos longos e uns olhares desconfiados da dupla conseguimos sair do carro, não sem antes escutar: “então quer dizer que se o carro pega fogo têm dois carbonizado?”. Daí pra lá ocorreu tudo dentro do script, documento do carro, carteira de motorista, minha identidade etc. Estava quase tudo ok, exceto o fato de o carro não estar vistoriado. Eis que presencio a seguinte conversa.

- O carro não está vistoriado, mas a vistoria já está agendada para o dia 25 de Novembro.
- O senhor imprimiu no site do DETRAN o cartão de confirmação da vistoria que contém a data do agendamento?
- Não.
-Então, infelizmente vamos ter que apreender seu carro OU O SENHOR VÊ AÍ O QUE PODE FAZER PELA GENTE...  

   Soaram as palavras mágicas. O professor em questão tirou 20 reais da carteira, deu ao policial que muito educado agradeceu, nos desejou boa noite e saiu em busca da próxima vitima.
    Fiquei com aquela situação na cabeça lembrando de todos os relatos indignadas que eu já ouvi, e que em mim doíam forte pelo fato de o meu pai ser policial militar. Mas será que a sociedade brasileira está preparada para ter uma policia correta?
    A corrupção, principalmente a policial, depende da cumplicidade. Para o professor de Matemática foi lucro “perder” aqueles 20 reais, já que o carro dele seria apreendido, ele teria que pagar uma multa e pagar por cada dia que o carro dele esteve estacionado lá, além de outros transtornos.
     O que chamam de “jeitinho brasileiro”, muitas vezes não passa de um ato desonestidade, que é visto como esperteza. Quantas vezes não pedimos para um guarda fazer vista grossa para o fato de estarmos sem cinto e caso o pedido seja aceito saímos pagando de “malandro bom de papo”? Quantas vezes ouvimos nossos amigos putos da vida porque um policial resolveu cumprir seu dever e multou o coitado ao invés de estar prendendo bandido? A fala do ex-delegado/deputado Hélio Luz ilustra bem o que eu estou dizendo.   


      A segurança do estado do Rio de Janeiro está em crise e não é de hoje. As greves dos militares cariocas, baianos, e muitos outros casos mais recentes, trouxeram bons motivos para pensarmos, tipo piadinha de Facebook, em como a policia é, como nós a vemos e como ela deveria ser. Após esse exercício de reflexão pense no que nós estamos fazendo para termos uma policia melhor. Não adianta sermos modernos e continuarmos querendo uma policia arcaica e corrupta.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Os passos do tempo


Salve, salve, caro leitor. Como diz a descrição que ''de artista e louco todo mundo tem um pouco'', vou postar aqui um texto breve que estava guardado há um bom tempo. Criado em 18/05/2010, na verdade foi uma tentativa frustrada de criar uma música em cima desses versos. Mas ficou escrito e está aí.

Os passos do tempo

Se ainda é cedo ou se é em vão
Ainda não sei pra onde vamos
Meu tempo vai na contra-mão
De encontro ao seu sem previsão.

Sem medo de ter a certeza
Mesmo se a certeza for em vão
Só o tempo nos dará a resposta
Se estamos certos ou não.

É a dúvida de uma tarde inteira
São lembranças de um dia qualquer
Teus sinais ainda me envolvem
Seu semblante vivo na memória.

Quando a saudade estiver por perto

Lembre-se que ainda podemos chorar
Se os nossos olhos juntos
Olharem para o mesmo lugar.

O tempo não é mais o mesmo

E o que dizer do amanhã?
Se eu que já nem sei
Espero então a próxima vez.







terça-feira, 17 de abril de 2012

Prólogo

Esses dias me vi assistindo "Clube da luta", por volta da meia noite, de uma quinta feira. Filme repetido: nada melhor para embalar uma quinta à noite (onde, em função do Joel Santana, gostaria de "destruir algo bonito"). Seja pelo desprendimento, seja pelo advento do sono imediato filmes repetidos são sempre boas ocasiões numa noite frustrada. Maldito David Fincher! Assisti ao filme do ininterruptamente do início ao fim.
"clube da luta" é daqueles filmes que não se consegue parar de assistir, a "paradoxal" pluralidade de personagens nos conduz à atenção plena da obra. É daqueles filmes que dia nos identificamos com Tyler Durden, dia com o Narrador (naquela noite eu era o peitudo).
Gosto muito do trabalho do Fincher, o recente "A rede social" é um bom exemplo do seu trabalho, deliciosamente perturbador e provocante, entretanto "Clube da luta" beira a perfeição. Sacal, realista, explosivo na medida certa, e ao passo que o revia - numa frustrante quinta à noite - e aguardava cenas prediletas e diálogos clássicos do filme percebia que este se tratava de uma obra sem precedentes, única. Até que um nome me veio à cabeça... "O grande dragão branco".
Minha posição não é de comparar os filmes, mas sim exaltar também uma obra-prima do cinema. Isso porque ele ("O grande dragão branco") já se faz emblemático. Para começar, pouco sei de seu diretor - não importa, nele está Jean Claude Van Damme, isso basta! Não posso também defini-lo por seu tempo, ele se insere nos anos 80, que corresponde a uma dimensão atemporal da história do cinema. A década é tudo e não é nada. A pureza do filme é linda, nada mais belo que a história de um americano criado por japoneses. Ao mesmo tempo é político. É romance. É "full contact". É sangrento. Categorias estas reunidas num só filme seria possível apenas nas mãos de diretores canônicos como Eisenstein, Scola, Kubrick, Forman... mas não, há também tal genealidade aqui (repito, sequer sei o nome do diretor, sei que há Jean Claude Van Damme).
Conceber "Clube da luta" sem conhecer "O grande dragão branco" é um crime ao cinema. Cinema sem "O grande dragão branco" é um crime ao cinema. "O grande dragão branco" está para o "Clube da luta" assim como "Apocalypse now" está para "Platoon", assim como os "Sete samurais" está para "Sete homens e um destino", etc, etc, etc. Confesso que nutro por esta obra-prima uma certa admiração, explicada talvez por uma memória afetiva, geração, talvez, mas sei que esse filme me oferece muito mais. Ele é cultural, marginal, geopolítico, um encontro do ocidente com o oriente. Ele é arte!
O que falar então de Jean Claude Van Damme? O mestre se insere dentro desta criação divina talvez mais magistralmente que Andie Macdowell em "Laranja mecânica". Ele pulsa o filme, dialoga com sua história, e nos oferece uma das mais geniais interpretações do cinema. Van Damme nos pergunta, e por nossa vez, respondemos; dialoga conosco. Uma vez cego, todo aquele que o assiste, poeticamente se cega; sua paixão nos comove; sua perícia em artes marciais nos impressiona; sua dor é sentida; e, principalmente, quando obrigado, todos temos plena certeza, que de fato ele quebrará "o primeiro de baixo".